Privilegia-se nesta seção, um tipo de violência pouco documentado quando se referencia a escola, a homofobia, o tratamento preconceituoso, as discriminações sofridas por jovens tidos como homossexuais, que, muitas vezes, os professores não apenas silenciam, mas colaboram ativamente na reprodução de tal violência.
Ainda que se focalize aqui mais a questão da homofobia, são diversos os preconceitos, discriminações que em nome da sexualidade, desrespeitam, ferem a dignidade do outro, constituindo, muitas vezes, para quem é o objeto desses, sofrimentos e revoltas. São legitimados por padrões culturais que cultivam simbólica e explicitamente hierarquias e moralismos em nome da virilidade, da masculinidade e da rigidez que codifica uma determinada vivência da sexualidade como normal, a consentida. Muitas expressões de preconceitos e discriminações em torno do sexual tendem a ser naturalizadas, até prestigiadas e não entendidas necessariamente como violências.
Um tipo de estranhamento, que para vários autores associa-se á representação da masculinidade ou da masculinidade legítima e aprendida como a “normal“, e que se pode traduzir em diversos tipos de violências, comumente encontrada na literatura sobre jovens, diz respeito á discriminação contra os homossexuais.
A bem da verdade, a violência letal contra homossexuais, muito particularmente contra travestis é, sem dúvida, uma das faces mais trágicas da discriminação por orientação sexual e identidade de gênero ou homofobia no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais – ABGLT, tal violência tem sido denunciada com bastante veemência pelo movimento LGBT e pesquisadores de várias universidades brasileiras e de organizações da sociedade civil que têm procurado produzir dados de qualidade sobre a situação.
Neste contexto, é imprescindível que as autoridades governamentais cumpram nossa Carta Magna e investiguem, julguem e punam os crimes sexuais com o mesmo rigor como têm tratado os crimes raciais.
Talvez a mais importante reação homofóbica provenha da ignorância que faz com que muitos imaginem que a homossexualidade seja uma escolha livre e consciente, ou que se “pega” de outro por meio de sedução ou imitação idólatra.
MENEZES, Marcelo Lima de. Homossexual, educador e o preconceito nas escolas. Aracaju: J. Andrade, 2009